domingo, 27 de abril de 2014

Resistência Artística – Ditadura Militar



Durante a ditadura militar no Brasil, a cultura e a arte se tornaram instrumento de resistência e denúncia às injustiças que ocorriam no território brasileiro. Mesmo com várias medidas tomadas pelo governo para controlar os protestos artísticos, os artistas não deixaram de criar e espalhar a cultura brasileira pelo país.

A repressão à produção cultural acarretou 500 filmes, 450 peças de teatro, 200 livros e mais de 500 letras de músicas, todos censurados pelo Ato Institucional 5 (AI-5) que dava aos militares o poder e retirava os direitos dos cidadãos de expressão. O governo perseguia, sequestrava, prendia, torturava e exilava todos os artistas e intelectuais que apresentavam ideias contrárias aos dos militares. Pode-se dizer então que a censura apoiou a implantação e a consolidação da ditadura.

Os primeiros anos do regime militar, seguindo o governo moderado de Castello Branco, foram os de maior liberdade de expressão. Porém, com a entrada de Costa e Silva na presidência do Brasil, ocorreu o endurecimento do regime e a cultura e os meios de comunicação passaram a ser fortemente reprimidos. O Departamento da Divisão de Censura de Diversões Públicas da Polícia Federal controlava a imprensa e todas as manifestações artísticas para que não houvesse nenhum tipo de resistência ou crítica à ditadura.

Em resposta à repressão, surgiram diversos jornais alternativos de oposição ao governo, que denunciavam as atrocidades e a violação dos direitos humanos que ocorriam no Brasil. A imprensa alternativa tinha orientação política de esquerda e era um instrumento de resistência, por isso a maioria dos jornais foram perseguidos e tiveram vida curta como Movimento, Em Tempo, Versus, Coojornal, entre outros. O tablóide Pasquim, destaque entre os jornais alternativos, durou por mais tempo, de 1969 a 1988. Com vendas semanais de até 200 mil exemplares, o jornal fez sucesso utilizando humor negro e metáforas para evitar problemas com a censura e confronto direto com o regime.

Surgem nesse período, os compositores e intérpretes das chamadas canções de protestos, como Chico Buarque, Elis Regina, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Geraldo Vandré, que camuflavam suas músicas para não serem censuradas. Exemplos disso são: “Cálice” de Chico Buarque e Gilberto Gil e “Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores” de Geraldo Vandré, que foi consagrada e adotada como um hino contra a ditadura pelo público.


No teatro e no cinema, grupos como o Arena e o Oficina e trabalhos como os de Cacá Diegues e Glauber Rocha levavam ao público as injustiças que estavam ocorrendo no país naquela época. O teatro brasileiro além de lidar com a censura do regime militar, sofria também ataques de grupos radicais de direita, como CCC – Comando de Caça aos Comunistas.

Por mais de 20 anos, a cultura brasileira passou por uma fúria repressiva que tirava o direito da expressão cultural e perseguia todos que iam contra a ditadura. Escritores, compositores, jornalistas, cineastas e artistas tentavam enganar os censores para não terem suas obras proibidas, trechos de filmes cortados e faixa de disco riscadas. Toda essa repressão resultou em teatros destruídos e artistas e intelectuais serem sequestrados, interrogados e exilados

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