Resistência Artística – Ditadura Militar
Durante a ditadura militar no Brasil, a cultura e a
arte se tornaram instrumento de resistência e denúncia às injustiças que
ocorriam no território brasileiro. Mesmo com várias medidas tomadas pelo
governo para controlar os protestos artísticos, os artistas não deixaram de
criar e espalhar a cultura brasileira pelo país.
A repressão à produção cultural acarretou 500 filmes, 450 peças de
teatro, 200 livros e mais de 500 letras de músicas, todos censurados pelo Ato
Institucional 5 (AI-5) que dava aos militares o poder e retirava os direitos
dos cidadãos de expressão. O governo perseguia, sequestrava, prendia, torturava
e exilava todos os artistas e intelectuais que apresentavam ideias contrárias
aos dos militares. Pode-se dizer então que a censura apoiou a implantação e a
consolidação da ditadura.
Os primeiros anos do regime militar, seguindo o governo moderado
de Castello Branco, foram os de maior liberdade de expressão. Porém, com a
entrada de Costa e Silva na presidência do Brasil, ocorreu o endurecimento do
regime e a cultura e os meios de comunicação passaram a ser fortemente reprimidos.
O Departamento da Divisão de Censura de
Diversões Públicas da Polícia Federal controlava a imprensa e todas as
manifestações artísticas para que não houvesse nenhum tipo de resistência ou
crítica à ditadura.
Em resposta à repressão, surgiram diversos
jornais alternativos de oposição ao governo, que denunciavam as atrocidades e a
violação dos direitos humanos que ocorriam no Brasil. A imprensa alternativa
tinha orientação política de esquerda e era um instrumento de resistência, por
isso a maioria dos jornais foram perseguidos e tiveram vida curta como
Movimento, Em Tempo, Versus, Coojornal, entre outros. O tablóide Pasquim,
destaque entre os jornais alternativos, durou por mais tempo, de 1969 a 1988.
Com vendas semanais de até 200 mil exemplares, o jornal fez sucesso utilizando
humor negro e metáforas para evitar problemas com a censura e confronto direto
com o regime.
Surgem nesse período, os compositores e
intérpretes das chamadas canções de protestos, como Chico Buarque, Elis Regina,
Caetano Veloso, Gilberto Gil e Geraldo Vandré, que camuflavam suas músicas para
não serem censuradas. Exemplos disso são: “Cálice” de Chico Buarque e Gilberto
Gil e “Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores” de Geraldo Vandré, que foi
consagrada e adotada como um hino contra a ditadura pelo público.
Música “Cálice” de Chico Buarque: http://www.youtube.com/watch?v=26g1jQG-n4Y&feature=player_embedded
No teatro e no cinema, grupos como o Arena e o
Oficina e trabalhos como os de Cacá Diegues e Glauber Rocha levavam ao público
as injustiças que estavam ocorrendo no país naquela época. O teatro brasileiro
além de lidar com a censura do regime militar, sofria também ataques de grupos
radicais de direita, como CCC – Comando de Caça aos Comunistas.
Por mais de 20 anos, a cultura brasileira
passou por uma fúria repressiva que tirava o direito da expressão cultural e
perseguia todos que iam contra a ditadura. Escritores, compositores,
jornalistas, cineastas e artistas tentavam enganar os censores para não terem
suas obras proibidas, trechos de filmes cortados e faixa de disco riscadas. Toda essa repressão resultou em teatros destruídos e
artistas e intelectuais serem sequestrados, interrogados e exilados
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